Zelito Viana

Engenheiro, Zelito Viana escolheu o cinema quando, em 1964, seu colega de turma, Leon Hirzman o convidou para trabalhar como produtor. Em junho de 1965 funda, com um grupo de jovens realizadores, entusiastas do movimento cinemanovista, a Produções Cinematográficas Mapa Ltda, que depois atenderia pelo nome de Mapa Filmes do Brasil.

O cineasta, batizado José Viana de Oliveira Paula, nasceu em Fortaleza, em 5 de maio de 1938. Filho de Francisco Anysio de Oliveira Paula e de Haydee Viana, Zelito tem a arte correndo nas veias da família: é irmão do comediante Chico Anysio (1931-2012) e da atriz e comediante Lupe Gigliotti. É tio da atriz e diretora Cininha de Paula, do roteirista e ator Bruno Mazzeo e dos comediantes Lug de Paula e Nizo Neto. Zelito casou-se em 1961 com a educadora Vera de Paula, com quem tem dois filhos, a diretora de cinema Betse de Paula e o ator Marcos Palmeira.

Em 1970 Zelito passou para trás das câmeras e iniciou a carreira de diretor, com as comédias Minha namorada com roteiro próprio, codireção de Armando Costa, e O doce esporte do sexo (1971), que teve como protagonista seu irmão, Chico Anysio. O filme de época Os condenados (1975), baseado no romance de Oswald de Andrade, conquistou o prêmio de Melhor Diretor em Nova Dheli, na Índia, Salva de Prata em Portugal e foi selecionado para a Mostra New Films New Directors, no Festival de Nova York.

Convidado por Roberto Farias, recém nomeado presidente da Embrafilme, Zelito participou ativamente na seleção de dezenas de filmes brasileiros, numa época considerada de ouro do nosso cinema. Eleito presidente da Abraci, foi um dos principais articuladores da obrigatoriedade de exibição de curta metragens brasileiros junto aos filmes estrangeiros. Em 1977 terminou o filme Morte e vida severina, que ganhou o Margarida de Prata, como Melhor Filme.

Em 1979 Zelito lançou o filme Terra dos índios, dirigiu o programa de TV Chico Total e tornou-se diretor da Globo Vídeo, onde faria também a coordenação da transmissão do desfile das escolas de samba de 1986 e 1987. Na Globo Vídeo Zelito foi diretor de Home Video e lançou este novo produto no mercado brasileiro.

Zelito retornou ao cinema em 1985, com Avaeté, semente da vingança, que ganhou Medalha de Prata em Moscou, foi eleito o Melhor Filme no Festival de Tróia, em Portugal e no Primeiro Festival do Rio. O filme retrata a história verídica de uma tribo massacrada por uma expedição no Mato Grosso, em 1962. A ideia de fazer Avaeté surgiu quando Zelito realizava Terra dos índios, em 1978. O diretor afirma que sua vida mudou totalmente depois daquele filme e cita uma frase do antropólogo Darcy Ribeiro: Ninguém visita uma aldeia indígena impunemente.

Nos anos 1980, Zelito também dirigiu programas políticos relevantes para a Prefeitura do Rio de Janeiro (1984) e para a campanha de Roberto Freire para a Presidência da República, em 1989, primeira eleição direta após o golpe de 1964. A seguir, dirige a cinebiografia Villa-Lobos – Uma vida de paixão (2000), inspirada na vida e obra do maestro e compositor brasileiro. Villa-Lobos recebeu o Prêmio Golfinho de Ouro como Melhor Filme do Ano de 2000. 

Em 2009 Zelito lança o longa-metragem Bela noite para voar, sobre o presidente Juscelino Kubistchek. Em 2011, realiza o documentário Augusto Boal e o Teatro do Oprimido, relembrando os feitos estéticos e éticos do dramaturgo e diretor teatral, morto em 2009. Seu trabalho mais recente,  A arte existe porque a vida não basta é um espetáculo em homenagem a Ferreira Gullar estrelado por Marco Nanini, com roteiro de Nelson Mota.

Zelito Viana foi homenageado em inúmeros festivais pelo conjunto de sua obra e tornou-se referência no cinema brasileiro. Atualmente está desenvolvendo o longa Sedução, além de orientar os diferentes projetos da Mapa, premiadíssima produtora multimídia, que atua em todos os setores do audiovisua